Um dos principais impactos da pandemia no país foi na forma como os brasileiros se relacionam com as suas casas. Mas, o que realmente fez com que o brasileiro decidisse se mudar durante a pandemia?
Além do home office, esse espaço também passou a ser mais valorizado, a tal ponto que muitas pessoas mudaram de endereço nestes dois anos atípicos. Uma nova pesquisa joga luz sobre o fenômeno e sinaliza que algumas suposições que foram tomadas quase como verdades não necessariamente se confirmam.
Três em cada dez brasileiros (ou 28%, para ser mais preciso) mudaram de casa na pandemia, revela uma pesquisa encomendada pela Loft Analytics, a área da Loft de análises sobre o mercado imobiliário. O painel foi conduzido pela empresa Offerwise e ouviu 1.500 pessoas das cinco regiões do país entre o fim de fevereiro e o início de março.
Em uma janela de tempo mais extensa, de quatro anos, o percentual de brasileiros que se mudaram sobe para 36%, sinalizando que a concentração desse movimento aconteceu, de fato, nos dois anos de pandemia.
Mas as respostas sobre as razões que motivaram a mudança apontam uma realidade muito mais diversa do que a “tese popular” de que os brasileiros deixaram as capitais em busca de qualidade de vida no interior ou na praia ou que a busca por espaços maiores foi predominante de forma ampla.
10 principais fatores para mudar de casa na pandemia:
- Necessidade de mais espaço: 12%
- Reajuste do aluguel: 10%
- Proximidade de familiares ou amigos: 9%
- O proprietário pediu o imóvel: 9%
- Região mais tranquila: 6%
- Problemas no imóvel anterior: 6%
- Proximidade do trabalho: 5%
- Mudança por causa do trabalho: 5%
- Espaço para fazer home office: 4%
- Necessidade de menos espaço: 3%
*Fatores citados por quem mudou de residência.
“Por um lado, temos as famílias que passaram a estudar, trabalhar e ter momentos de lazer dentro de casa, e que, por isso, acabaram prestando mais atenção a esse ambiente. Pessoas que decidiram buscar moradias com cômodos maiores e mais bem divididos, para que fosse mais fácil separar os momentos de trabalho e lazer”, disse Fábio Takahashi, gerente de dados e de conteúdo da Loft.
“Por outro lado, temos as famílias que perderam renda e não conseguiram arcar com o reajuste do valor do aluguel. Para essas pessoas, a mudança foi uma necessidade”, explicou.
Ou seja, o aumento de pessoas que se mudaram para espaços maiores conta apenas uma fração da história: uma em cada seis praticamente (12% de quem buscou mais espaço + 4% do espaço por home office).
Mas fatores “negativos” como reajuste do aluguel, pedido do imóvel de volta pelo proprietário e problemas no imóvel anterior, entre outros, responderam por 30% das mudanças realizadas.
Os indícios de que a fuga para o interior ou a praia é menos abrangente do que se pressupunha aparecem também nas respostas à pergunta sobre quais são os motivos relacionados com o trabalho que motivaram a mudança:
- Ficar mais perto do emprego que já tinha: 17%
- Perdeu o emprego e a renda: 9%
- Começou a trabalhar de casa: 8%
- Mudou a pedido da empresa: 4%
- Ficar mais perto do novo emprego: 4%
A perspectiva do home office é a razão apontada por apenas uma em cada doze pessoas (8%) entrevistadas, enquanto uma em cada cinco (21%) se mudaram devido ao desejo de ficar mais perto do trabalho.
A Loft, empresa que encomendou a pesquisa, é uma das maiores startups dedicadas ao setor imobiliário do país, com uma plataforma digital de compra e venda e o objetivo de simplificar as transações por meio de ações como verificação de informações das duas partes e facilitação do acesso a soluções financeiras, especialmente o crédito.
A startup foi fundada em 2018 pelos empreendedores Florian Hagenbuch e Mate Pencz e conta atualmente com mais de 40.000 imóveis à venda em São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Guarulhos.
*Fonte: Exame